sábado, 5 de maio de 2012

A presidente ou a presidenta? – por prof. Pasquale Cipro Neto / São Paulo

O professor Pasquale Cipro Neto tira a dúvida.


Que têm em comum palavras como “pedinte”, “agente”, “fluente”, “gerente”, “caminhante”, “dirigente” etc.? Não é difícil, é? O ponto em comum é a terminação “-nte”, de origem latina. Essa terminação ocorre no particípio presente de verbos portugueses, italianos, espanhóis…

Termos como “presidente”, “dirigente”, “gerente”, entre inúmeros outros, são iguaizinhos nas três línguas, que, é sempre bom lembrar, nasceram do mesmo ventre. E que noção indica a terminação “-nte”? A de “agente”: gerente é quem gere, presidente é quem preside, dirigente é quem dirige e assim por diante.

Normalmente essas palavras têm forma fixa, isto é, são iguais para o masculino e para o feminino; o que muda é o artigo (o/a gerente, o/a dirigente, o/a pagante, o/a pedinte). Em alguns (raros) casos, o uso fixa como alternativas as formas exclusivamente femininas, em que o “e” final dá lugar a um “a”. Um desses casos é o de “parenta”, forma exclusivamente feminina e não obrigatória (pode-se dizer “minha parente” ou “minha parenta”, por exemplo). Outro desses casos é justamente o de “presidenta”: pode-se dizer “a presidente” ou “a presidenta”.

A esta altura alguém talvez já esteja dizendo que, por ser a primeira presidente/a do Brasil, Dilma Rousseff tem o direito de escolher. Sem dúvida nenhuma, ela tem esse e outros direitos. Se ela disser que quer ser chamada de “presidenta”, que seja feita a sua vontade -por que não?



2 comentários:

  1. Com relação à palavra ‘presidenta’, devo dizer que a Dilma não tem culpa. Ela é de uma geração, juntamente comigo, em que nas escolas se aprendia que o feminino de ‘presidente’ era ‘presidenta’. Eu tenho aqui em casa duas gramáticas que trazem esse feminino. Inclusive, o dicionário Aurélio traz essa forma de feminino também. Podem procurar. Quem está contestando o feminino ‘presidenta’ é uma geração nova que não conheceu essa forma. A Dilma não tem culpa nenhuma. E não adianta justificar por A + B baseando-se em regras de gramática, porque nem sempre o bom senso prevalece em termos de normas gramaticais. Nem sempre a gramática tem lógica. Muito de uma língua é pura convenção. Vou dar apenas dois exemplos: 1) autópsia, biópsia, mas necropsia (segundo a língua culta). 2) todas as palavras terminadas em ‘gem’, em português, são femininas com exceção de ‘personagem’ que pode ser também masculina. Então, alguns dizem: é porque ‘personagem’ vem do francês e essa palavra em francês é masculina. Mas ‘garagem’ também vem do francês e também é masculina nessa língua, e estaria errado dizer ‘o garagem’ em português. Portanto, gramática de qualquer língua nem sempre tem lógica. Muita coisa é convenção e autorização para empregar ou não. A gramática tem tantas exceções, porque ‘presidenta’ não pode ser mais uma? Eu acho que tem coisas muito mais importantes para cobrar de uma ‘presidenta’. Essa turma que está criticando a ‘presidenta’ não tem o que fazer além de não ter cultura.

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  2. Não é só questão de ORTOGRAFIA, a Lei federal 2.749, de 1956 determina a flexão de gênero para o substantivo no âmbito do poder público federal. E esta lei ainda não foi revogada.
    Apesar de feia, a palavra PRESIDENTA pode e DEVE ser usada para designar mulheres que ocupam este cargo público no executivo federal.

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