segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

No Maranhão

Para nascer, Maternidade Marly Sarney;
- Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou, Roseana Sarney;
- Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;
- Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;
- Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário, do tal José Sarney;
- Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor);
- Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas ‘maravilhosas’ rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.
Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Vá, então, ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney…
Seria cômico se não fosse tão triste….
Infelizmente, o texto é verdadeiro…
MAS QUANDO ALGUÉM DA FAMÍLIA SARNEY FICA DOENTE, O MELHOR HOSPITAL DO MARANHÃO É O AEROPORTO, NUM VÕO PAGO COM DINHEIRO DO CONTRIBUINTE PARA SÃO PAULO, E RESERVA ASSEGURADA NO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS OU ALBERT EINSTEIN.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Nada vale mais que o amor


Eu deveria ter passado por cima do meu ego, telefonado para a pessoa amada na hora em que a saudade não cabia mais no meu peito e ter dito... 


Tô sentindo a tua falta. Eu deveria ter brincado mais com o meu cachorro, ter olhado em seus olhos e ter dito... eu te amo! 


Eu deveria ter sido fiel aos meus ideais, pois a pior traição é a que vem de nós mesmos. Eu deveria ter feito uma carta no meu último dia de aula e nela ter externado toda a minha gratidão ao meu professor pelo aprendizado a mim oferecido com ternura e dedicação, e assim ter significado a sua missão de vida, à iluminação das consciências. 


Eu deveria ter pedido desculpas quando estava errado. Sei que um pedido de desculpas não corrige um desapontamento, mas liberta a alma do peso de consciência. Eu deveria ter respeitado o ritmo dos outros na dança da vida e olhado mais para os meus passos errados, pois aquele que não sabe dançar conforme a música, tropeça no orgulho. 


 Eu deveria ter assistido mais desenhos animados e lavado a alma da criança em mim. Eu deveria ter sido mais humilde de coração e dito "eu não sei", quando eu realmente não sabia e assim ter dado a mim mesmo a oportunidade de crescer com a experiência dos outros. 


Eu deveria ter dado uma festa surpresa ao meu melhor amigo, e assim ter reunido todos os amigos para uma comemoração coletiva. Eu deveria ter abraçado mais os meu pais nos momentos mais felizes e não só nas horas de angustias e aflição, afinal quem me deu a luz, não merece solidão. 


Eu deveria ter sido mais solidário e feito um trabalho voluntário e levado ao meu irmão pelo menos uma mão amiga. Eu deveria ter elogiado mais as pessoas criativas antes mesmo que elas se tornassem vencedoras, e assim ter me sentido vencedor tambem. 


Eu deveria ter ficado calado quando o momento era de fofoca e com a luz da inteligência ter apagado as trevas. Eu deveria ter enfrentado a vida pelo sonho de ser campeão do que ter desperdiçado meu tempo ouvindo os fracassados no banco da acomodação, sem ter vivido o que amam, pois é só na vivência do que amamos que nos encontramos em realização. Eu deveria ter dito "não", quando eu queria ter dito "não", mas antes de dizer não, ter olhado nos olhos de quem me ouvia dizer "não", com amor e doçura. 


Nas horas de aflição, eu deveria ter observado mais os vagalumes, e assim ter aprendido que é na escuridão que eles brilham. Algumas pessoas passam pela vida aprisionadas em si mesmas, nascem e voltam para a morada invisível sem entender o sentido da existência. Viver é uma lapidação diária, é a arte de enfrentar a si mesmo,se descobrir e se mostrar. A vida é feita de momentos, às vezes doloridos,alguns até dificéis que nos levam à descrença de que não há uma força divina no comando. 


E há outros momentos tão sublimes que parecem nos levar para um contato bem íntimo com a inteligência que há do outro lado. É pura leveza, é como nos sentíssemos envolvidos numa dança cósmica. Só quem vive um relacionamento afetivo com a pessoa certa e faz o que ama pode entender onde está Deus. Não deixe nada para depois, o momento exato é agora. você só tem este instante para realizar o que você sonha. Mostre quem você é e pague pra vê o que acontece! Pra escapar da pessoa errada, procura ser a pessoa certa pois há uma força oculta promovendo o encontro dos semelhantes. 


Evite ficar se criticando e se culpando pelo o que deu errado, o passado já perdeu as cores. O futuro está longe das mãos e o presente precisa de ação. Bola pra frente, cabeça erguida, viva o agora. Porque só pelo o hoje que podemos fluir. Somos o rio de nós mesmos e a parte de nós que passou ontem não é mais nem rio e nem grama. Simplesmente seguiu na direção do oceano para ser grandes ondas vivas. Mas apesar do seu poder essas ondas são flexíveis, um absorver e um dissolver constante. Tenha mais paciência com as sua próprias falhas,afinal, você já perdou tantos canalhas, por que não perdoar a si mesmo também? Coloque alegria na sua vida! Faça como o pássaro que mesmo preso inocentemente faz da gaiola um palco e segue cantando, mostrando quem é o ator principal de sua história. 


Evite ser mais uma daquelas pessoas que vivem dizendo:"ah,eu não tenho sorte". Sem ter sequer comprado o bilhete do jogo. Faça a sua parte! Pois quando agimos com postura de vencedor o universo conspira a nosso favor. Lembre-se: A vida é um palco! É um show desde a estréia até a despedida! Ou você entra em cena e arrebenta, ou se arrebenta por não entrar! Mova-se! O momento exato é agora! Ou você vence, ou certamente será vencido! 
Texto extraído do livro "Nada vale mais que o amor" de Evaldo Ribeiro

sábado, 5 de janeiro de 2013

A horrível verdade sobre o estupro em Nova Délhi


Quando adolescente, aprendi a me proteger. Nunca ficava sozinha, se possível, e andava depressa, cruzando os braços sobre o peito, recusando todo contato visual ou mesmo um sorriso. Abria caminho no meio da multidão curvando os ombros para frente, e evitava sair de casa depois do escurecer, se não fosse num carro particular. Numa idade em que as jovens em todos os outros lugares começam a fazer suas primeiras experiências com um estilo mais ousado de vestuário, eu usava roupas duas vezes maiores do que o meu tamanho. Ainda não consigo me vestir de forma a parecer atraente sem ter a sensação de estar me expondo ao perigo.
A situação não mudou quando cheguei à idade adulta. O spray de pimenta não existia ainda e minhas amigas, todas de classe média ou média alta como eu, carregavam alfinetes ou outros objetos como armas no caminho da universidade e do emprego. Uma delas andava com uma faca e insistia que eu devia fazer o mesmo.
Recusei, mas havia dias em que ficava tão enraivecida que poderia usá-la - ou, pior ainda, alguém poderia usá-la contra mim.
O persistente concerto de assobios, miados, palavras sibiladas, alusões sexuais ou ameaças abertas continuaram. Grupos de homens andavam pelas ruas vadiando, e sua forma de comunicação eram as canções de filmes indianos que viviam cantando, repletas de duplos sentidos.
Para deixar claras suas intenções, mexiam a pélvis para frente quando uma mulher passava.
Não eram apenas os ambientes públicos que eram pouco seguros. Até na redação de uma importante revista onde eu trabalhava, no consultório de um médico, até mesmo numa festa privada - era impossível escapar da intimidação.
No dia 16 de dezembro, como o mundo agora sabe, uma mulher de 23 anos voltava para casa com o namorado depois do assistir ao filme As aventuras de Pi num shopping center de Délhi. Quando tomaram o que lhes pareceu um ônibus, os seis homens que estavam no veículo estupraram e torturaram a mulher de maneira tão brutal que destruíram seus intestinos. O ônibus fora apenas um chamariz. Eles espancaram brutalmente também o namorado da jovem e jogaram os dois fora do veículo, deixando-a à beira da morte.
A jovem não se rendeu. Ela começara aquela noite vendo um filme sobre um sobrevivente, e provavelmente sentiu-se determinada a sobreviver também. Então ela realizou outro milagre. Em Délhi, uma cidade onde a degradação das mulheres é comum, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas e enfrentaram a polícia, as bombas de gás lacrimogêneo e os canhões de água para expressar sua revolta. Foi o maior protesto jamais realizado na Índia contra a agressão sexual e o estupro até aquele momento, e desencadeou manifestações em toda a nação.
A fim de proteger a identidade da vítima, seu nome não foi divulgado.
Mas embora ela continue sem nome, não ficou sem rosto. Para vê-lo, bastou que as mulheres se olhassem no espelho. A plena dimensão da sua vulnerabilidade finalmente foi compreendida.
Quando fiz 26 anos, mudei-me para Mumbai. A megalópole comercial e financeira tem sua carga de problemas específicos, mas, em termos culturais, é mais cosmopolita e liberal do que Délhi. Ainda zonza com a liberdade recém-conquistada, comecei a fazer matérias sobre o bairro da prostituição e percorria subúrbios perigosos tarde da noite - sozinha e usando transporte público. Acho que a minha experiência em Délhi teve um resultado positivo: fiquei agradecida pelo ambiente comparativamente seguro de Mumbai e resolvi aproveitar ao máximo.
Mas a jovem jamais terá esta oportunidade. Na manhã de sábado, 13 dias depois de ter sido brutalizada, esta estudante de fisioterapia, que sem dúvida sonhara em melhorar a vida das outras pessoas, perdeu a sua. Morreu por falência múltipla dos órgãos.
A Índia tem uma legislação contra o estupro; assentos reservados para as mulheres nos ônibus, policiais femininas; linhas especiais para pedir a ajuda da polícia. Mas estas medidas não têm tido eficiência diante de uma cultura patriarcal e misógina. Trata-se de uma cultura que acredita que o pior aspecto do estupro é a corrupção da vítima, que nunca mais poderá encontrar um homem para casar com ela - e que a solução é casar com o estuprador.
Estas crenças não se restringem às salas de estar, mas são expressas abertamente. Nos meses anteriores ao estupro coletivo, alguns políticos de destaque atribuíram o aumento das estatísticas sobre estupro à crescente utilização dos celulares pelas mulheres e ao fato de elas saírem à noite. "Somente porque a Índia conseguiu a liberdade depois da meia-noite não significa que as mulheres possam se aventurar a sair depois do anoitecer", disse Botsa Satyanarayana, líder do Partido do Congresso do Estado de Andhra Pradesh.
Denúncias. Mudar é possível, mas as pessoas devem denunciar logo os casos de estupro e de agressão sexual para que a polícia possa realizar as investigações, e os casos levados aos tribunais possam tramitar rapidamente e não demorar anos a fio. Dos mais de 600 casos de estupro relatados em Nova Délhi em 2012, somente um levou à condenação. Se as vítimas acreditam que receberão justiça, se mostrarão mais dispostas a falar. Se os supostos estupradores temerem as consequências de suas ações, não atacarão as mulheres nas ruas impunemente.
As dimensões dos protestos públicos e na mídia deixaram claro que o ataque constituiu um divisor de águas. A horrível verdade é que a jovem atacada no dia 16 teve mais sorte do que muitas vítimas de estupro. Ela foi uma das raras mulheres que receberam algo parecido com justiça. Foi hospitalizada, sua declaração foi gravada e em poucos dias todos os seis suspeitos do estupro foram presos e, agora, estão sendo processados por assassinato. Tal eficiência é algo incomum na Índia.
Não foi a brutalidade das agressões contra a jovem que tornou sua tragédia inusitada; foi o fato de que esta agressão, finalmente, provocou uma resposta
Sonia Faleiro