sábado, 31 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
Renato Russo
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
domingo, 18 de março de 2012
A corrupção e sua Filosofia
Uma operação intelectual de indulgência à corrupção atribui ao moralismo a ideia de que o poder pode não ser corrupto.
Um dos aspectos intrigantes da política brasileira é o silêncio nas universidades e a ausência do movimento estudantil no debate e nas manifestações contra a corrupção e a impunidade, dois pilares tradicionais do poder da oligarquia, que foram transformados agora no Brasil em política pública universalizada e em padrão de governança. Isso se tornou intolerável para uma parcela expressiva da sociedade, mas não parece sequer inquietar a juventude e o meio acadêmico.
Há duas pistas óbvias a seguir para chegar à razão dessa acomodação: a domesticação do movimento estudantil pelo governo e o aparelhamento partidário das universidades. E há outra, menos difundida, mas também relevante: o uso militante da idéia de que “o poder nasce da corrupção”. Trata-se de uma assertiva do repertório de condenação do capitalismo, da globalização e, junto com isso, da democracia representativa. Mas aqui, ela passou a servir também para legitimar a corrupção como arma política de supostos portadores da verdade transformadora da sociedade, que no caso seriam o PT e seu governo.
Esse pensamento germina num ambiente de distanciamento e mesmo aversão à política, com a expansão na juventude e no sistema de ensino de uma subjetividade ávida por competência para vencer ou sobreviver no mercado e, portanto, com pouca ou nenhuma disposição para questionamentos e muito menos para engajamento em causas difíceis e conflituosas, como é o caso da campanha anticorrupção e contra a impunidade.
Indignação e perseverança
O alarido na sociedade por uma política mais comprometida com a ética e por uma justiça mais republicana ganhou corpo no Brasil em meados de 2011, depois que o jornalista Juan Arias, correspondente do jornal El País, nos chamou às falas no artigo ‘Por que os brasileiros não reagem?’. O burburinho inicial se tornou fato político a partir dos protestos de 7 de setembro. De lá para cá, as manifestações não cessaram na rede e nas ruas.
Impulsionados, no começo, pela indignação, os movimentos se multiplicaram no país e definiram uma agenda substantiva. A perseverança na mobilização já rendeu avanços e mesmo algumas vitórias, como o reconhecimento da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, a confirmação do poder do CNJ de investigar e punir irregularidades de juízes, o veto a candidaturas com contas de campanha reprovadas, a discussão de projetos para limitar o foro privilegiado e ampliar a responsabilidade de autoridades, bem como alguns sinais de mais diligência no Judiciário para o acolhimento e julgamento de ações contra a corrupção.
Tudo isso, porém, é muito pouco frente à pandemia de corrupção que o governo empreende com seu esforço de reprodução de poder. Isso é exposto todo dia no noticiário da imprensa crítica e nas redes sociais, dando conta da multiplicação de fraudes em concorrências, desvios de dinheiro público, aparelhamento, nepotismo e tantos outros vícios e malfeitos em todos os escalões.
Apesar disso, as universidades e o movimento estudantil seguem omissos. Não se pode, porém, dizer que o problema é totalmente ignorado neste estamento crucial para a reflexão e ação da sociedade. Ouvem-se sim algumas vozes, mas não são contra a corrupção e sim contra a imprensa crítica, que veicula os escândalos. E teorias para desqualificar quem protesta, rotulando esta atitude de hipocrisia moralista. De resto, o silêncio. Por quê?
As três pistas
Sabe-se que o PT cresceu e chegou ao poder junto com os movimentos sociais e que estes passaram a compartilhar os governos junto com o partido. Há avanços que podem ser atribuídos a este processo, principalmente nas políticas sociais. Mas a contrapartida tem sido a domesticação dos movimentos. Ou seja, o preço dos ganhos sociais está sendo o enfraquecimento e o controle dos movimentos pelas oligarquias, que facilmente assimilaram o PT e lhe impuseram não só a prática da corrupção como forma de governo, mas também a neutralização ou mesmo a anulação dos conflitos em nome da governabilidade. A UNE, por exemplo, não passa hoje de uma repartição pública. É uma caricatura melancólica e decrépita da entidade que, no passado, combateu pela democracia e por todas as grandes causas da sociedade brasileira. É esta a primeira pista.
Sabe-se também da grande influência do PT nas universidades, principalmente na administração das federais. Vale lembrar o manifesto dos reitores em apoio a Dilma nas eleições de 2010. Imagine a milionária combinação de verbas, patrocínios, bolsas, oportunidades e homenagens para alunos e professores, manipuladas com esse aparelhamento. Quanta moeda de troca! Pense também no potencial de patrulhamento de vozes discordantes. Esta é a pista número dois. Frente a isso, as irregularidades na gestão das universidades, descobertas já em 13 estados, são troco na conta do prejuízo para a sociedade.
E há a referida operação intelectual de indulgência à corrupção, entrincheirada na noção que atribui “ao moralismo a idéia de que o poder pode não ser corrupto”, que é a nossa terceira pista.
Podemos segui-la, desde 2005, quanto eclodiu o escândalo do Mensalão. Naquela ocasião, o livro ‘Global: biopoder e luta em uma América Latina globalizada’ ia para o prelo. E os seus autores, Antonio Negri e Giuseppe Cocco, incluíram nele uma nota mantendo a avaliação positiva do Governo Lula, sustentada na obra, mesmo que a acusação de corrupção fosse demonstrada nas investigações que começavam.
Moral e ética
O argumento central é a distinção entre moral e ética. A moral, sob esta visão, afirma-se a partir de princípios abstratos, enquanto a ética é inseparável do processo e dos sujeitos que a produzem. Daí, os autores assumem que “o poder é sempre corrupto, pois é fruto da corrupção da democracia”. E concluem: “o moralismo continua afirmando que a democracia representativa deve ser ‘depurada’, quando é a própria representação que implica corrupção”.
Mais tarde, em outro livro, ‘Goodbye Mr. Socialism’, Negri formula a tese da justificativa do Mensalão com uma narrativa mais própria do vale-tudo da política: “Pagaram sistematicamente aos pequenos partidos para que apoiassem as leis propostas por Lula ao parlamento. Quem é corrupto? O sistema. De outro modo, Lula não podia governar porque os partidos evangélicos eram pagos pela oposição de direita. Assim funciona o poder”.
Como supor, porém, que as regras do jogo da corrupção sejam ditadas pelos esclarecidos estrategistas do PT em nome da salvação do povo? E o outro da relação? Como considerar a corrupção sem o poder do corruptor? Que evidência pode ser mais forte da submissão do PT às oligarquias que o uso da corrupção como ferramenta privilegiada de reprodução do poder?
Cabe suspeitar, portanto, que temos aqui um caso de suspensão da crítica ao poder quando se trata do poder do amigo.
A influência de Antonio Negri no PT e nos setores da academia caudatários do partido, não deve ser menosprezada. A Filosofia reverbera pouco e em círculos muito restritos dos partidos e mesmo da academia. Mas não se deve desconsiderar a força do pensamento sobre a ação e a inação na política. Negri é um dos principais renovadores do pensamento político contemporâneo. Lamentavelmente, sua repercussão no Brasil decorre menos do que vem produzindo de mais potente – como os conceitos de trabalho imaterial, império, multidão e comum, entre outras contribuições para dar conta das mutações na vida contemporânea – do que de sua militância.
Omissão e cumplicidade
Não é livre de controvérsia a tentação do filósofo de transformar o mundo, buscando sentido prático para as idéias. Boa parte da produção filosófica debate exatamente o tema da ação. Embora seja da essência do filósofo político querer tornar carne o seu verbo, também é fato que a teoria é uma caixa de ferramentas que serve ao conhecimento. Querer que ela seja mais que isso pode deslocá-la à condição de crença religiosa e levá-la a inspirar calamidades, como a história demonstra. Outro pensador contemporâneo, Slavoj Zizek sugere: “Leia Marx. Mas leia a 11ª. tese sobre Feuerbach ao contrário, aquela que diz que os filósofos se limitaram a interpretar o mundo, quando devemos transformá-lo. Devemos parar de querer mudar o mundo às cegas, para interpretá-lo, saber o que ele é.”
Essa discussão nem ao menos é nova. Hannah Arendt, uma das mais influentes pensadoras do século passado, ao homenagear Martin Heidegger no livro ‘Homens em tempos sombrios’, constatou “uma tendência ao tirânico” nas teorias de quase todos os grandes pensadores: “não podemos sequer nos impedir de achar chocante, e talvez escandaloso, que tanto Platão como Heidegger, quando se engajaram nos afazeres humanos, tenham recorrido aos tiranos e ditadores”.
Não parece que esta constatação desqualifique ou mesmo diminua a tradição da Filosofia Política, cuja fundação é reivindicada para Maquivel, e na qual Negri e outros prestigiados pensadores contemporâneos se alinham. Mesmo sobrepondo as razões do estado ao moralismo e defendendo que é melhor vencer pelo ardil que pela força, Maquiavel não está necessariamente apoiando a corrupção de hoje no governo brasileiro e não pode ser responsabilizado pelos criminosos que se acobertam atrás do seu nome.
A obra de Negri certamente persistirá e continuará produzindo ação, da mesma forma que as obras de outros pensadores importantes. Mas inocentando a corrupção no Brasil, ele dá, aos que estão sob sua influência aqui – intelectuais, professores e estudantes – pretexto e fundamentação para a omissão e, portanto, para a cumplicidade com o que há de pior na política brasileira. Ironicamente, a indiferença é também uma das marcas da subjetividade produzida por relações aviltantes, exacerbadas na economia pós-industrial, que são criticadas pela teoria anticapitalista do próprio Negri.
Altamir Tojal
Um dos aspectos intrigantes da política brasileira é o silêncio nas universidades e a ausência do movimento estudantil no debate e nas manifestações contra a corrupção e a impunidade, dois pilares tradicionais do poder da oligarquia, que foram transformados agora no Brasil em política pública universalizada e em padrão de governança. Isso se tornou intolerável para uma parcela expressiva da sociedade, mas não parece sequer inquietar a juventude e o meio acadêmico.
Há duas pistas óbvias a seguir para chegar à razão dessa acomodação: a domesticação do movimento estudantil pelo governo e o aparelhamento partidário das universidades. E há outra, menos difundida, mas também relevante: o uso militante da idéia de que “o poder nasce da corrupção”. Trata-se de uma assertiva do repertório de condenação do capitalismo, da globalização e, junto com isso, da democracia representativa. Mas aqui, ela passou a servir também para legitimar a corrupção como arma política de supostos portadores da verdade transformadora da sociedade, que no caso seriam o PT e seu governo.
Esse pensamento germina num ambiente de distanciamento e mesmo aversão à política, com a expansão na juventude e no sistema de ensino de uma subjetividade ávida por competência para vencer ou sobreviver no mercado e, portanto, com pouca ou nenhuma disposição para questionamentos e muito menos para engajamento em causas difíceis e conflituosas, como é o caso da campanha anticorrupção e contra a impunidade.
Indignação e perseverança
O alarido na sociedade por uma política mais comprometida com a ética e por uma justiça mais republicana ganhou corpo no Brasil em meados de 2011, depois que o jornalista Juan Arias, correspondente do jornal El País, nos chamou às falas no artigo ‘Por que os brasileiros não reagem?’. O burburinho inicial se tornou fato político a partir dos protestos de 7 de setembro. De lá para cá, as manifestações não cessaram na rede e nas ruas.
Impulsionados, no começo, pela indignação, os movimentos se multiplicaram no país e definiram uma agenda substantiva. A perseverança na mobilização já rendeu avanços e mesmo algumas vitórias, como o reconhecimento da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, a confirmação do poder do CNJ de investigar e punir irregularidades de juízes, o veto a candidaturas com contas de campanha reprovadas, a discussão de projetos para limitar o foro privilegiado e ampliar a responsabilidade de autoridades, bem como alguns sinais de mais diligência no Judiciário para o acolhimento e julgamento de ações contra a corrupção.
Tudo isso, porém, é muito pouco frente à pandemia de corrupção que o governo empreende com seu esforço de reprodução de poder. Isso é exposto todo dia no noticiário da imprensa crítica e nas redes sociais, dando conta da multiplicação de fraudes em concorrências, desvios de dinheiro público, aparelhamento, nepotismo e tantos outros vícios e malfeitos em todos os escalões.
Apesar disso, as universidades e o movimento estudantil seguem omissos. Não se pode, porém, dizer que o problema é totalmente ignorado neste estamento crucial para a reflexão e ação da sociedade. Ouvem-se sim algumas vozes, mas não são contra a corrupção e sim contra a imprensa crítica, que veicula os escândalos. E teorias para desqualificar quem protesta, rotulando esta atitude de hipocrisia moralista. De resto, o silêncio. Por quê?
As três pistas
Sabe-se que o PT cresceu e chegou ao poder junto com os movimentos sociais e que estes passaram a compartilhar os governos junto com o partido. Há avanços que podem ser atribuídos a este processo, principalmente nas políticas sociais. Mas a contrapartida tem sido a domesticação dos movimentos. Ou seja, o preço dos ganhos sociais está sendo o enfraquecimento e o controle dos movimentos pelas oligarquias, que facilmente assimilaram o PT e lhe impuseram não só a prática da corrupção como forma de governo, mas também a neutralização ou mesmo a anulação dos conflitos em nome da governabilidade. A UNE, por exemplo, não passa hoje de uma repartição pública. É uma caricatura melancólica e decrépita da entidade que, no passado, combateu pela democracia e por todas as grandes causas da sociedade brasileira. É esta a primeira pista.
Sabe-se também da grande influência do PT nas universidades, principalmente na administração das federais. Vale lembrar o manifesto dos reitores em apoio a Dilma nas eleições de 2010. Imagine a milionária combinação de verbas, patrocínios, bolsas, oportunidades e homenagens para alunos e professores, manipuladas com esse aparelhamento. Quanta moeda de troca! Pense também no potencial de patrulhamento de vozes discordantes. Esta é a pista número dois. Frente a isso, as irregularidades na gestão das universidades, descobertas já em 13 estados, são troco na conta do prejuízo para a sociedade.
E há a referida operação intelectual de indulgência à corrupção, entrincheirada na noção que atribui “ao moralismo a idéia de que o poder pode não ser corrupto”, que é a nossa terceira pista.
Podemos segui-la, desde 2005, quanto eclodiu o escândalo do Mensalão. Naquela ocasião, o livro ‘Global: biopoder e luta em uma América Latina globalizada’ ia para o prelo. E os seus autores, Antonio Negri e Giuseppe Cocco, incluíram nele uma nota mantendo a avaliação positiva do Governo Lula, sustentada na obra, mesmo que a acusação de corrupção fosse demonstrada nas investigações que começavam.
Moral e ética
O argumento central é a distinção entre moral e ética. A moral, sob esta visão, afirma-se a partir de princípios abstratos, enquanto a ética é inseparável do processo e dos sujeitos que a produzem. Daí, os autores assumem que “o poder é sempre corrupto, pois é fruto da corrupção da democracia”. E concluem: “o moralismo continua afirmando que a democracia representativa deve ser ‘depurada’, quando é a própria representação que implica corrupção”.
Mais tarde, em outro livro, ‘Goodbye Mr. Socialism’, Negri formula a tese da justificativa do Mensalão com uma narrativa mais própria do vale-tudo da política: “Pagaram sistematicamente aos pequenos partidos para que apoiassem as leis propostas por Lula ao parlamento. Quem é corrupto? O sistema. De outro modo, Lula não podia governar porque os partidos evangélicos eram pagos pela oposição de direita. Assim funciona o poder”.
Como supor, porém, que as regras do jogo da corrupção sejam ditadas pelos esclarecidos estrategistas do PT em nome da salvação do povo? E o outro da relação? Como considerar a corrupção sem o poder do corruptor? Que evidência pode ser mais forte da submissão do PT às oligarquias que o uso da corrupção como ferramenta privilegiada de reprodução do poder?
Cabe suspeitar, portanto, que temos aqui um caso de suspensão da crítica ao poder quando se trata do poder do amigo.
A influência de Antonio Negri no PT e nos setores da academia caudatários do partido, não deve ser menosprezada. A Filosofia reverbera pouco e em círculos muito restritos dos partidos e mesmo da academia. Mas não se deve desconsiderar a força do pensamento sobre a ação e a inação na política. Negri é um dos principais renovadores do pensamento político contemporâneo. Lamentavelmente, sua repercussão no Brasil decorre menos do que vem produzindo de mais potente – como os conceitos de trabalho imaterial, império, multidão e comum, entre outras contribuições para dar conta das mutações na vida contemporânea – do que de sua militância.
Omissão e cumplicidade
Não é livre de controvérsia a tentação do filósofo de transformar o mundo, buscando sentido prático para as idéias. Boa parte da produção filosófica debate exatamente o tema da ação. Embora seja da essência do filósofo político querer tornar carne o seu verbo, também é fato que a teoria é uma caixa de ferramentas que serve ao conhecimento. Querer que ela seja mais que isso pode deslocá-la à condição de crença religiosa e levá-la a inspirar calamidades, como a história demonstra. Outro pensador contemporâneo, Slavoj Zizek sugere: “Leia Marx. Mas leia a 11ª. tese sobre Feuerbach ao contrário, aquela que diz que os filósofos se limitaram a interpretar o mundo, quando devemos transformá-lo. Devemos parar de querer mudar o mundo às cegas, para interpretá-lo, saber o que ele é.”
Essa discussão nem ao menos é nova. Hannah Arendt, uma das mais influentes pensadoras do século passado, ao homenagear Martin Heidegger no livro ‘Homens em tempos sombrios’, constatou “uma tendência ao tirânico” nas teorias de quase todos os grandes pensadores: “não podemos sequer nos impedir de achar chocante, e talvez escandaloso, que tanto Platão como Heidegger, quando se engajaram nos afazeres humanos, tenham recorrido aos tiranos e ditadores”.
Não parece que esta constatação desqualifique ou mesmo diminua a tradição da Filosofia Política, cuja fundação é reivindicada para Maquivel, e na qual Negri e outros prestigiados pensadores contemporâneos se alinham. Mesmo sobrepondo as razões do estado ao moralismo e defendendo que é melhor vencer pelo ardil que pela força, Maquiavel não está necessariamente apoiando a corrupção de hoje no governo brasileiro e não pode ser responsabilizado pelos criminosos que se acobertam atrás do seu nome.
A obra de Negri certamente persistirá e continuará produzindo ação, da mesma forma que as obras de outros pensadores importantes. Mas inocentando a corrupção no Brasil, ele dá, aos que estão sob sua influência aqui – intelectuais, professores e estudantes – pretexto e fundamentação para a omissão e, portanto, para a cumplicidade com o que há de pior na política brasileira. Ironicamente, a indiferença é também uma das marcas da subjetividade produzida por relações aviltantes, exacerbadas na economia pós-industrial, que são criticadas pela teoria anticapitalista do próprio Negri.
Altamir Tojal
Por que os brasileiros não reagem?
O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci – uma espécie de primeiro-ministro – e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que “todos são ladrões” e que “ninguém vai para a prisão”, não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público? É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo “descontrole” atual em áreas do seu governo e tirou literalmente – diz-se que a purga ainda não acabou – dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.
A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou – e o preço que terá que pagar será elevado – a se desfazer de uma certa “herança maldita” de hábitos de corrupção que vêm do passado.
E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?
O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.
Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros).
O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.
Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos.
E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.
Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.
Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado – onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada – os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.
Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que – também é certo – é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.
Juan Arias - El País no Brasil
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público? É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo “descontrole” atual em áreas do seu governo e tirou literalmente – diz-se que a purga ainda não acabou – dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.
A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou – e o preço que terá que pagar será elevado – a se desfazer de uma certa “herança maldita” de hábitos de corrupção que vêm do passado.
E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?
O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.
Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros).
O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.
Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos.
E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.
Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.
Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado – onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada – os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.
Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que – também é certo – é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.
Juan Arias - El País no Brasil
sexta-feira, 16 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
Cidade “indormível” (Crônica )
Relato a experiência minha e de muitos outros: há noites em que é impossível dormir. Como esta. Levanto-me e vou escrever. São quatro da madrugada. Desde as duas, estive me virando na cama. Não é insônia. É o ruído que sobe da rua. Como a coisa mais normal do mundo. Vozerio e gargalhadas que furam até janela antirruído. Quem não pode comprar isolamento acústico tem que fugir para o campo? Noites de sexta e de sábado, em especial, são um suplício. Jovens (e não jovens) varam a noite conversando e rindo alto. Danem-se os panacas que tentam descansar como gente normal. Calculo o tormento dos pobres pais de crianças pequenas. “Varam a noite” não é exagero. Quem se levanta às seis da manhã ainda os vê na calçada. Latinhas e garrafas vazias foram descartadas diretamente no passeio ou na sarjeta. Ainda que perto se encontrem cestos de lixo. Para que se preocupar com isso? Nossas calçadas e ruas são tão espaçosas!
Não sou um ermitão confinado por engano na urbe. Nem defendo o replantio da antiga floresta, que só conhecia ruídos de animais noctívagos. Entendo muito bem que vivemos numa cidade, não mais na selva bruta. A cada cidadão é assegurado o direito de usar os espaços públicos. Respeito a liberdade de reunião, assim como a de conversar na calçada o quanto se queira. Mas não num volume próprio de torcida de futebol. Há limites aceitos e respeitados por pessoa minimamente civilizada. Que me perdoe quem discorda, mas desprezar normas legítimas de convivência não é atitude cidadã. Cidadão reconhece aos outros o mesmo que exige para si. Mostrem-me um único ser normal que concorde com algazarra a lhe impedir o justo descanso. O sono é inadiável necessidade da natureza humana. Não existe a pretensa liberdade de incomodar o repouso alheio. Pelo menos da meia-noite às seis da manhã. O direito que alguns têm de se manterem acordados é o mesmo que os outros têm de dormir. Não posso impedir que desocupados passem a noite inteira batendo papo na rua. Mas eles, igualmente, não podem infernizar meu repouso em horas mortas da noite. Já nem digo a partir das vinte e duas, como estabelece a lei. É triste perceber que, para alguns, leis existem para serem infringidas. E para os “espertos” rirem dos tolos que as observam.
Tem mais. Nem sempre os artistas se limitam a conversas e cachinadas estrondosas. Há também o tosco som automotivo. Idiotices musicais de qualidade mais que discutível, golpes como de bate-estacas, composições de gosto de besouro e palavreado chulo… Às vezes, por poucos minutos. O estrago, porém, está feito. Já acordaram dez quadras em volta. E lá se vai o paspalho, estupidamente feliz, azucrinar moradores de outros cantos. Isso quando não se fazem ouvir, assim do nada, berros histéricos, palavrões cabeludos, assuada gratuita, como se a rua estivesse tomada pelo surto psicótico de algum infeliz.
A querida Maringá, que brotou da mata, abriga uns riquinhos que nada produzem, mas incomodam meio mundo. São mais broncos que os machadeiros da antiga derrubada. Os pobres trabalhadores braçais projetavam um futuro radioso para os filhos. Os pernósticos moderninhos só enxergam o próprio umbigo. Cultura não se identifica com usar carro importado, vestir roupa de grife e ocupar vaga de universidade.
A solução? Queixar-se aos órgãos competentes, muitos aconselham. Mas será que adianta?
( Do padre Orivaldo Robles: )
Não sou um ermitão confinado por engano na urbe. Nem defendo o replantio da antiga floresta, que só conhecia ruídos de animais noctívagos. Entendo muito bem que vivemos numa cidade, não mais na selva bruta. A cada cidadão é assegurado o direito de usar os espaços públicos. Respeito a liberdade de reunião, assim como a de conversar na calçada o quanto se queira. Mas não num volume próprio de torcida de futebol. Há limites aceitos e respeitados por pessoa minimamente civilizada. Que me perdoe quem discorda, mas desprezar normas legítimas de convivência não é atitude cidadã. Cidadão reconhece aos outros o mesmo que exige para si. Mostrem-me um único ser normal que concorde com algazarra a lhe impedir o justo descanso. O sono é inadiável necessidade da natureza humana. Não existe a pretensa liberdade de incomodar o repouso alheio. Pelo menos da meia-noite às seis da manhã. O direito que alguns têm de se manterem acordados é o mesmo que os outros têm de dormir. Não posso impedir que desocupados passem a noite inteira batendo papo na rua. Mas eles, igualmente, não podem infernizar meu repouso em horas mortas da noite. Já nem digo a partir das vinte e duas, como estabelece a lei. É triste perceber que, para alguns, leis existem para serem infringidas. E para os “espertos” rirem dos tolos que as observam.
Tem mais. Nem sempre os artistas se limitam a conversas e cachinadas estrondosas. Há também o tosco som automotivo. Idiotices musicais de qualidade mais que discutível, golpes como de bate-estacas, composições de gosto de besouro e palavreado chulo… Às vezes, por poucos minutos. O estrago, porém, está feito. Já acordaram dez quadras em volta. E lá se vai o paspalho, estupidamente feliz, azucrinar moradores de outros cantos. Isso quando não se fazem ouvir, assim do nada, berros histéricos, palavrões cabeludos, assuada gratuita, como se a rua estivesse tomada pelo surto psicótico de algum infeliz.
A querida Maringá, que brotou da mata, abriga uns riquinhos que nada produzem, mas incomodam meio mundo. São mais broncos que os machadeiros da antiga derrubada. Os pobres trabalhadores braçais projetavam um futuro radioso para os filhos. Os pernósticos moderninhos só enxergam o próprio umbigo. Cultura não se identifica com usar carro importado, vestir roupa de grife e ocupar vaga de universidade.
A solução? Queixar-se aos órgãos competentes, muitos aconselham. Mas será que adianta?
( Do padre Orivaldo Robles: )
sexta-feira, 2 de março de 2012
TÁ ESCULO AQUI ....
A mulher recebe o amante em casa enquanto o marido trabalha.
Seu filho de seis anos chega da escola mais cedo, vê os dois
juntos e se
esconde no armário do quarto para espiar.
O
marido também volta para casa inesperadamente e a mulher resolve
esconder o amante no armário, sem perceber que o filho já
estava lá.
O menininho
diz: - Ta esculo aqui...
O amante responde - É... Tá
mesmo...
Menino - Eu tenho uma bola de beisebol
Amante -
Legal...
Menino - Quer comprar?
Amante - Não,
obrigado...
Menino: Meu pai tá lá fora..
Amante -
Ok, quanto?
Menino - Duzentos reais...
Algumas semanas
depois, lá estão o garoto e o amante presos no
armário
novamente.
Menino - Tá esculo aqui..
Amante - É... Tá mesmo...
Menino - Eu tenho uma luva
de beisebol.
O amante, se lembrando da última vez, pergunta ao
garoto: Quanto é?
O Menino - Setecentos reais.
Amante -
Feito!
Dias depois, o pai diz ao garoto, pegue a sua luva e a
sua bola de
beisebol, vamos lá no quintal para eu te ensinar
como se joga..
O menino responde, não posso, vendi a
luva e a bola...
O pai pergunta, por quanto você vendeu?
Novecentos reais, responde o menino.
O pai,
horrorizado, diz ao menino que isso não se faz, cobrar tanto de
seus amiguinhos por coisas que custam barato.
E leva o filho
à igreja para que confesse para o padre.
Chegando lá, o
pai leva o menino ao confessionário e fecha a porta.
O menino
diz - Tá esculo aqui...
O padre responde- Nem vem!
Eu não vou comprar mais bosta nenhuma!!
Seu filho de seis anos chega da escola mais cedo, vê os dois
juntos e se
esconde no armário do quarto para espiar.
O
marido também volta para casa inesperadamente e a mulher resolve
esconder o amante no armário, sem perceber que o filho já
estava lá.
O menininho
diz: - Ta esculo aqui...
O amante responde - É... Tá
mesmo...
Menino - Eu tenho uma bola de beisebol
Amante -
Legal...
Menino - Quer comprar?
Amante - Não,
obrigado...
Menino: Meu pai tá lá fora..
Amante -
Ok, quanto?
Menino - Duzentos reais...
Algumas semanas
depois, lá estão o garoto e o amante presos no
armário
novamente.
Menino - Tá esculo aqui..
Amante - É... Tá mesmo...
Menino - Eu tenho uma luva
de beisebol.
O amante, se lembrando da última vez, pergunta ao
garoto: Quanto é?
O Menino - Setecentos reais.
Amante -
Feito!
Dias depois, o pai diz ao garoto, pegue a sua luva e a
sua bola de
beisebol, vamos lá no quintal para eu te ensinar
como se joga..
O menino responde, não posso, vendi a
luva e a bola...
O pai pergunta, por quanto você vendeu?
Novecentos reais, responde o menino.
O pai,
horrorizado, diz ao menino que isso não se faz, cobrar tanto de
seus amiguinhos por coisas que custam barato.
E leva o filho
à igreja para que confesse para o padre.
Chegando lá, o
pai leva o menino ao confessionário e fecha a porta.
O menino
diz - Tá esculo aqui...
O padre responde- Nem vem!
Eu não vou comprar mais bosta nenhuma!!
quinta-feira, 1 de março de 2012
( Intervalo )Lucio Dalla - Caruso ... Grazie di tutto!
Caruso
Qui dove il mare luccica,
E tira forte il vento
Sulla vecchia terrazza
Davanti al golfo di surriento
Uno uomo abbracia una ragazza
Dopo che aveva pianto
Poi si schiarisce la voce,
E ricomincia il canto
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai...
Vide le luci in mezzo al mare,
Penso alle notti là in america
Ma erano solo le lampare
E la bianca scia di un'elica
Senti il dolore nella musica,
E si alzo dal pianoforte
Ma quando vide uscire
La luna da una nuvola,
Gli sembro piu dolce anche la morte
Guardò negli occhi la ragazza,
Quegli occhi verdi come il mare
Poi all'improvviso usci una lacrima
E lui credette di affogare
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai
Potenza della lirica,
Dove ogni dramma è un falso
Che con un po' di trucco e con la mimica
Puoi diventare un altro
Ma due occhi che ti guardano,
Cosi vicine e veri
Ti fan scordare le parole,...
Confondono i pensieri
Cosi diventa tutto piccolo,
Anche le notti là in america
Ti volti e vedi la tua vita,
Dietro la scia di un'elica
Ma si, è la vita che finisce,
E non ci penso poi tanto
Anzi, si sentiva gia felice,
E ricomincio il suo canto
Te voglio bene assai
Ma tanto tanto bene sai
É una catena ormai
Che scioglie il sangue tinto vene sai
Caruso
Aqui onde o mar brilha
e sopra forte o vento
sobre um velho terraço
em frente ao Golfo de Sorrento
um homem abraça uma mulher
depois de haver chorado
depois limpa a voz
e recomeça o canto
Eu te amo tanto
mas tanto, tanto, tanto, sabe?
é uma "corrente"
que faz o sangue queimar nas veias, sabe?
viu luzes em alto-mar
lembrou de noites lá na América
mas eram só lanternas a brilhar
no rastro branco de uma hélice
sentiu doer a música
se levantou do piano
mas vendo a lua surgir
atrás de uma nuvem
até a morte lhe pareceu mais doce
olhou fundo nos olhos da mulher
aqueles olhos verdes como o mar
de repente viu escapar uma lágrima
e pensou esta a se afogar
Eu te amo tanto
mas tanto, tanto, tanto, sabe?
é uma "corrente"
que faz o sangue queimar nas veias, sabe?
Que poder é esse da ópera
onde todo drama é falso
onde com um pouco de maquiagem e representação
podemos nos transformar em outro
mas quando dois olhos te olham assim
tão perto e verdadeiros
te fazem esquecer as palavras
confundem teus pensamentos
então fica tudo tão pequeno
até as noites lá na América
você se vira e vê toda a sua vida
no rastro branco de uma hélice
mas é isso, é a vida que termina
mas ele nem se preocupou
ao contrário, já se sentia tão feliz
que recomeçou seu canto
Eu te amo tanto
mas tanto, tanto, tanto, sabe?
é uma "corrente"
que faz o sangue queimar nas veias, sabe?
Estratégia do Nagib
Zezão parou o caminhão na frente da loja do Seu Nagib e falou:
- Seu Nagib, tem aqui um caminhão de arroz sem nota pela metade do preço, o senhor aceita?
- Claro que Nagib aceita - e vira-se para o filho.
- Kaled, vai bra esquina e se abarecer fiscal vem corendo avisar babai.
Começam a descarregar e, no meio, aparece Kaledinho:- Babai!... Fiscal vem vindo
- Bára tudo e volta caregar - grita Nagib.
Chega o fiscal:- Venda grande não é seu Nagib?
- Ôh ôh, melhor venda do ano que Nagib feiz...
- E isso aí tem nota?
- Ainda num tem nota borquê Nagib está esberando carega bra ver quanto mercadoria cabe na caminhon... daí, Nagib tira nota.
- Não pode! diz o fiscal. A nota fiscal tem de ser emitida antes de carregar!
- Ah!.... Antão bára tudo, que Nagib non qué brobrema com receita!...- Volta, volta, descarega tudo caminhón e guarda lá dentro do loja!....
- Seu Nagib, tem aqui um caminhão de arroz sem nota pela metade do preço, o senhor aceita?
- Claro que Nagib aceita - e vira-se para o filho.
- Kaled, vai bra esquina e se abarecer fiscal vem corendo avisar babai.
Começam a descarregar e, no meio, aparece Kaledinho:- Babai!... Fiscal vem vindo
- Bára tudo e volta caregar - grita Nagib.
Chega o fiscal:- Venda grande não é seu Nagib?
- Ôh ôh, melhor venda do ano que Nagib feiz...
- E isso aí tem nota?
- Ainda num tem nota borquê Nagib está esberando carega bra ver quanto mercadoria cabe na caminhon... daí, Nagib tira nota.
- Não pode! diz o fiscal. A nota fiscal tem de ser emitida antes de carregar!
- Ah!.... Antão bára tudo, que Nagib non qué brobrema com receita!...- Volta, volta, descarega tudo caminhón e guarda lá dentro do loja!....
Assinar:
Postagens (Atom)